Por Anette Leal
As várias existências a que uma consciência se submete neste plano físico têm um único e primordial objetivo: conduzi-la dentro de um processo provocado e devidamente planejado, o qual deve ser sempre cuidadosamente executado. A este processo chamamos Evolução.
Todas as experiências, quer sejam agradáveis ou nem tanto assim, devem servir para que a consciência desperte para essa realidade: a de que cada ressoma é uma oportunidade para investir em seu próprio crescimento.
A fim de que tal investimento seja exitoso, a consciência deve trabalhar da forma mais lúcida e realista que lhe for possível, deixando-se conduzir no caminho do autoquestionamento e do autoenfrentamento.
O desenvolvimento da consciência implica em controle bioenergético (desenvolvimento do parapsiquismo), lucidez, hiperacuidade (nível máximo de lucidez), intelectualidade, holomaturidade, comunicabilidade e cosmoética.
Uma das especialidades da Conscienciologia, a comunicabilidade é um dos instrumentos de crescimento para toda consciência principalmente porque estabelece a convivialidade com as demais consciências, contribuindo para ampliar, reforçar ou desatar os nós da extensa teia de interrelações característica da intrafisicalidade. Afinal, ninguém evolui sozinho.
A Comunicabilidade, objeto de estudo da Comunicologia, abrange o ato da consciência comunicar-se de todas as naturezas e formas, inclusive de forma interconsciencial entre as dimensões conscienciais, considerando a projetabilidade consciencial lúcida e as abordagens da consciência “inteira”, holossomática.
Por sua vez, a Conviviologia é a especialidade da Conscienciologia que estuda a comunicabilidade consciencial no que diz respeito à dinâmica das interrelações entre consciências ou princípios conscienciais, que coexistem em qualquer dimensão e suas conseqüências holocármicas e evolutivas.
Por definição etimológica, comunicar é reunir, misturar, partilhar, por em comum.
Em termos de cosmoética, o seu oposto é impor ideia antiassistencial ou fazer comunicação manipulatória.
O médico, escritor e dramaturgo brasileiro Pedro Block, escreveu o livro “Você Pode falar bem – problemas de comunicação oral”, em 1986. Na obra, ele aborda questões fisiológicas e psicológicas apresentadas na fala.
Segundo ele, “foi a palavra que humanizou o homem”, permitindo “arquivar o passado, projetar o futuro e criar o abstrato”. Pela palavra, o homem tornou-se sociável, passou a viver em comunidade.
No entanto, basta falar qualquer palavra, qualquer coisa, para que se estabeleça uma comunicação evolutiva, adequada à consciência buscadora, que se pretende trilhando um caminho de desenvolvimento consciencial?
O mesmo Pedro Block adverte: “Hoje em dia, o falar vazio é quase uma constante. A fala estereotipada, que não veicula ideias, é o corrente. O homem até hoje não aprendeu três coisas vitais: comer, respirar e falar.
Em qualquer situação, a comunicação tem ser clara, objetiva e interassistencial na mediação de conflitos, o que exige que haja organização de ideias antes da sua apresentação de modo que a troca de informação esteja sempre fundamentada em conteúdo de esclarecimento.
O poder da comunicação deve estar vinculado ao conhecimento. Mas é preciso estar atento, pois de nada adianta deter conhecimento intelectual que não se pratica. O saber intelectivo serve apenas para auxiliar a tomada de consciência que se dá com o desenvolvimento do discernimento. Este, segundo a Conscienciologia, engana menos você do que os livros porque resulta das lições obtidas por experiência pessoal.
Ainda citando Block, eis o que afirma sobre o ato de falar:
“Nossa fala tem uma moldura, que é composta de expressão facial, gesto, postura. Quando há discrepâncias entre eles, é preciso compreender que a terapia vocal só será eficaz se estabelecermos o aprofundamento dos motivos, das razões dessa discordância”.
Ampliando essa descrição para além do corpo físico, considerando também os corpos emocional e energético, que “moldura” temos colocado no conteúdo das nossas falas? Há discordância entre a fala e a moldura? E estendendo a reflexão também para o corpo mental, cabe perguntar: as nossas falas representam com fidelidade os nossos pensamentos? Ou há discrepâncias entre o que penso e o que transmito pela fala?
Como instrumento de evolução, a comunicabilidade deve se pautar sempre pelos seguintes princípios: do exemplarismo pessoal fundamentando a comunicação interassistencial; do ouvinte atento dispensar intermediários; da hiperacuidade mental prevenindo malentendidos; da exaustividade na busca da informação precisa; da coerência entre o gesto e a fala.
Uma comunicação é considerada assertiva quando não deixa dúvidas para os interlocutores. Prima pela lógica, objetividade e eficácia, contribuindo para o diálogo franco, empático, cosmoético e assistencial.
– Você já vivencia a comunicação assertiva ou ainda promove truncamento na interlocução?
– Já consegue identificar teaticamente (na prática e na teoria) as vantagens da comunicação eficaz?
Uma comunicação é não-assertiva (antiassertiva) quando contaminada por:
- a) condicionamentos – quantas vezes você fez o trabalho assumido por outra pessoa e nada disse sobre a questão?
- b) lavagem cerebral – quantas vezes você se sentiu desconfortável para pedir ajuda a alguém, fazer heterocrítica e expressar opinião diferente do interlocutor?
- c) medo – quantas vezes, em discussão ou em debate, você não teve a coragem de posicionar-se firmemente?
- d) repressão – quantas vezes você disse “sim” com vontade de dizer “não”?
As principais características de uma comunicação cosmoética são:
– Autenticidade: falar com elegência, naturalidade e espontaneidade
– Autoconfiança: apresentar autossegurança na comunicação;
– Autocontrole: controlar as emoções durante a interlocução;
– Clareza: expressar claramente pensamentos, opiniões e sentimentos;
– Coerência: ter expressão corporal coerente com a própria fala;
– Feedback: dizer “não entendi” e pedir esclarecimentos em caso de dúvida;
– Ponderação: ser comedido na comunicação;
– Posicionamento: dizer “não” sem autoculpa ou “sim” quando desejar;
– Tranquilidade: expressar-se de maneira calma e objetiva;
– Transparência: olhar nos olhos do interlocutor, sem escondimentos.
Tais características devem permear também a nossa comunicação não-verbal, aquela que nos permite interagir com o outro por gestos, sorriso, olhar, enfim com as demais partes do nosso corpo físico. Ademais, essas são características que se aplicam à comunicação com consciex, por meio do desenvolvimento de parapsiquismos.
Todos os atos cosmoéticos da consciência são altruístas em sua essência, em suas causas ou em seus efeitos, o que significa que não são atos que visam interesses pessoais e mesquinhos exigidos pelas circunstâncias atuais. Assim também deve ser essa nossa capacidade de estabelecer interrelações conscienciais a qual denominamos comunicabilidade, em qualquer que seja a dimensão e em toda e qualquer situação.
Aproveitemos a tecnologia que nos permitiu encurtar as distâncias quilométricas e nos aproximemos verdadeiramente das outras consciências, mental, emocional, energética e fisicamente com a certeza de que não há outro caminho de crescimento fora da convivialidade.
“O amadurecimento da comunicação autoconsciente auxilia na retilinearidade dos pensamentos, sentimentos e energias, libertando a consciência de travões evolutivos pelo auto e heterodesassédio visando à convivialidade sadia e otimização das programações existenciais pessoais e grupais” (Ana Seno, 2013).