Discussões sobre a prática de exercícios na área da saúde mental estão cada vez mais presentes. E o principal motivo é o fato de que os portadores de transtornos mentais apresentam a saúde física mais comprometida que a população em geral, tendo mais problemas como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. O ganho de peso é comum nessas pessoas, tanto em consequência dos sintomas como pelo isolamento e diminuição da vontade. Além disso, algumas medicações usadas no tratamento podem provocar também esse efeito colateral.
Mas qual atividade praticar? “O tipo de exercício não importa. A pessoa pode começar com uma caminhada, que é a maneira mais simples e barata de se exercitar. Mas ela deve fazer algo que goste, deve se sentir bem praticando e manter uma rotina.”, afirma Cecília Attux, psiquiatra e colaboradora do Proesq – Programa de Psiquiatria da Unifesp- Universidade Federal de São Paulo.
“É importante buscar algum exercício que seja prazeroso. Para isso existe uma grande variedade de atividades como dança, natação, ginástica, esportes coletivos e individuais, corridas e caminhadas”, observa a professora de Educação Física Célia Maria de Araújo, que trabalha com portadores de transtornos mentais.
Se é tão importante e prazeroso, por que tanta gente deixa de praticar exercícios? A falta de tempo tem sido a principal justificativa. No entanto, cada vez mais o acesso a atividades esportivas tem sido facilitado. “Locais como supermercados, parques, centros esportivos e escolas têm oferecido diversos tipos de práticas esportivas. Além disso, a atividade física pode ser fracionada (dividida) durante o dia. Pode-se, por exemplo, fazer 15 minutos de caminhada pela manhã, e mais 15 minutos à noite” completa Célia.
Química no cérebro
Estudos realizados tanto em animais quanto em humanos sugerem que exercícios, principalmente os aeróbios (que varia entre baixa e média intensidade e longa duração), auxiliam na preservação da memória, na qualidade do sono, no humor, diminuem os níveis de estresse, combatem as doenças ligadas ao envelhecimento e ainda ajudam a controlar os sintomas de depressão e ansiedade, tanto em pacientes com algum transtorno psiquiátrico, quanto na população em geral. Os estudos também indicam que a prática de atividade física fortalece o sistema imunológico, diminui a dor crônica e melhora a atenção e concentração.
Mas isso tudo só ocorre devido ao aumento de endorfinas no sistema nervoso. Endorfinas, assim como a adrenalina são substâncias químicas produzidas no cérebro principalmente durante a prática de atividade física e que provocam uma sensação de prazer, euforia e bem estar.
Esta sensação de bem estar provocada pelo exercício reflete diretamente na autoestima. Pessoas que se exercitam com regularidade cuidam melhor da aparência. Estudos sugerem ainda que o exercício físico seria eficaz não apenas na prevenção, mas também, no tratamento dos sintomas ligados à depressão e à ansiedade.
Praticar um exercício também traz para o portador um importante fator social. “Naquele momento ele convive e troca com outras pessoas, combatendo tendências de isolamento e proporcionando integração social”, explica Cecília Attux.
Prepare-se e comece!
Para começar uma atividade física e manter, é muito importante uma boa orientação sobre alimentação, exercícios e outros hábitos saudáveis. Veja algumas dicas de atitudes importantes que contribuem para melhora do bem estar e qualidade de vida:
- evitar ingestão de gorduras saturadas em excesso e doces;
- aumentar a ingestão de frutas, verduras e fibras desde o início do tratamento;
- prática de atividade física, que também auxilia no controle de peso;
- cuidados com a higiene do sono;
- realização de exames periódicos para controle de doenças como o diabetes, dislipidemias e doenças cardiovasculares.
Não esqueça que é sempre necessário procurar um posto de saúde para avaliação médica antes de iniciar qualquer tipo de atividade física. Também é importante procurar locais que tenham a orientação de um professor de educação física e sempre começar a atividade com moderação.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define atividade física como toda forma de movimento produzida por músculos esqueléticos onde ocorra gasto energético. Atividades como: andar de bicicleta, caminhar, correr, nadar, praticar esportes e até mesmo arrumar a casa, caminhar com o cachorro, lavar o quintal e outros trabalhos domésticos podem ser consideradas atividades físicas. Dados mundiais mostram que a inatividade física pode ser um fator de risco importante para a incidência de doenças cardio-vasculares, câncer, diabetes e consequentemente responsável por pelo menos 6% da mortalidade mundial.
Fonte: Pensevidablog